INVENTÁRIO EXISTENCIAL PARA O AUTOCONHECIMENTO

11 de abril de 2018

Este texto está no final do livro: “Dinheiro, saúde e sagrado” e serve como uma referencia para o caminho do autoconhecimento.

Com isso, concluo desoclusivamente, com a certeza de que este livro levantou muitas possibilidades para sensibilizar mais pessoas a se engajarem nessa nova perspectiva que é a de assumir a união do dinheiro com o sagrado em busca de uma vida mais plena e integral, menos preparada e mais nutrida de conhecimento, perdão e amor pelo amor. Nesta perspectiva, as pessoas estarão se curando e criando condições para que seu entorno, seja ele qual for, também se cure, livre do consumo pelo consumo, do trabalho pelo trabalho, do acúmulo pelo acúmulo, enfim, vivendo o ritmo da vida em um processo contínuo no qual o equilíbrio harmonioso sempre se estabiliza de novo, sem a ilusão do crescimento contínuo. Conscientes de que viver com qualidade e saúde é muito mais do que acumular o máximo possível de experiências prazerosas que o corpo possa possibilitar e obter vantagens da capacidade intelectual para conquistar acúmulo material e monetário. Porque o sentido da vida é o de servir a própria vida. Por isso, acredito que todos os indivíduos possuem qualidades ou graças para serem doadas a serviço da humanidade, mas a prontidão para que isso aconteça é totalmente individual e depende do processo de autoconhecimento e amadurecimento de cada um. Também não podemos nos esquecer de que não existe mudança externa sem que haja uma mudança interna e que o progresso ou fracasso de cada um implica no progresso ou fracasso de toda humanidade. Então, conciliando uma atitude de tranqüilidade contemplativa com curiosidade atenta, e é isso que tento transmitir aos meus clientes e alunos, poderemos fazer com que o agora seja o momento de mudança rumo à graça das trocas de graça, único meio para a conquista dos sentimentos de liberdade e felicidade. Lembrando que a liberdade consiste na capacidade angustiante de escolha da maneira em que vamos estabelecer nossas relações de dependência e servidão, advindas do contexto anímico e existencial. E felicidade é estar a serviço do servir alinhado com o mais alto fim existencial, daimon ou sentido de vida! Então, as trocas serão motivacionais e devotarias e não condicionais aos desejos do ego e de suas personas.

Por isso, apesar de correr o risco de terminar este livro deixando-o parecido com mais uma produção de auto-ajuda, estou anexando um modelo de inventário existencial para que os leitores possam refletir sobre o verdadeiro sentido de suas vidas. Ampliando suas consciências com intuito de identificarem se estão a serviço do ego e de suas personas ou do Self, por estarem alinhados com a teleologia do processo de individuação. Pois só aquele que consegue integrar as suas convicções ideológicas, princípios e daimoncom responsabilidade e necessidade de resultados práticos da realidade é que estará no caminho da individuação.

Inventário existencial

Faça esse inventário nos momentos de solidão, acompanhado de silêncio meditativo. Preferencialmente a partir da confecção prévia de um levantamento cronológico da sua autobiografia, contemplando seus momentos de alegria e tristeza, prazer e dor, doença e cura, amor e ódio, conquista e perda, nascimento e morte, enfim, as experiências significativas que são a trama do tecido que dão aprendizagem, sentido e significado para sua vida. Depois comece a perceber os ciclos e os padrões de repetição na linha cronológica da sua vida. Não precisa ser feito de uma só vez! Tenha paciência, sinceridade e certeza de que o confronto consigo mesmo é o único caminho de cura e a única possibilidade de formar curadores. E não se esqueça de que os homens sofrem não pela realidade objetiva, mas pelo modo como a percebe.

Qual é o padrão de repetição que você reconhece na sua existência comportamental; física e corporal; afetiva e emocional; social; profissional; familiar; espiritual; e onírica?

  1. Quais são as possíveis causas dessas repetições?
  2. Quais os prejuízos, reais ou imaginários, que você sofre em cada uma dessas repetições?
  3. Quais os prováveis ganhos, secundários ou não, que você tem em cada uma delas?
  4. O que você quer, pode e precisa mudar e, consequentemente, quais as implicações dessas mudanças?
  5. Quais são os seus medos?
  6. Quais são as suas raivas, paixões e apegos?
  7. Qual é a sua verdadeira necessidade? (falta) – Porque precisa?
  8. Qual é o seu verdadeiro desejo existencial? (chamado) – E porque deseja?
  9. Relacione suas semelhanças e diferenças com os seus pais.
  10. Como você se relaciona e lida com o dinheiro; o tempo; o sexo; a merda; e Deus; e, reciprocamente, como esses cinco elementos se relacionam com você?
  11. Descreva sua Persona e sua Sombra, e confronte-as entre si e com o seu Self, que é a expressão de Deus em nós.
  12. Você é feliz? Como se sente quando fica só, em silêncio e sem nenhuma atividade? Se sente feliz, livre e em paz consigo mesmo?
  13. Você acredita que está vivendo de acordo com o seu propósito existencial? Percebe que se libertou das competições, vaidades, desejos de poder, fama ou fortuna e que usa o dinheiro unicamente para a realização existencial e expansão da consciência sua e de toda a humanidade?
  14. Você consegue dizer: “eu sou você” para todos os seres sencientes que existem, existiram ou existirão, incluindo os débeis, ladrões, maníacos, criminosos, estupradores, enfim, todos os indivíduos identificados com algum aspecto sombrio da natureza humana ou da normopatia coletiva, relativos aos estágios ou estados evolutivos de suas consciências?
  15. Você reconhece que dinheiro, saúde e sagrado são dádivas do Todo que devem ser distribuídas a todos para benefício e crescimento evolutivo do Todo? Você sabe que serve a tudo o que te serve tanto no nível microcósmico quanto no macrocósmico?

Dependendo das respostas e do seu estado de espírito, conforto ou desconforto frente a este inventário, sugiro que você procure algum tipo de ajuda. Em minha opinião, uma análise junguiana seria um bom começo para promover a integração dos conteúdos sombrios, por possibilitar o exercício da alteridade. O conhecimento e a prática de algum ensinamento esotérico advindo de qualquer religião também é um bom início para promover a meta de integração total do ser. Esses meios também facilitarão a experiência da união criativa e integrativa entre a anima e o animus, representantes dos princípios masculinos e femininos, respectivamente preponderantes no HCE e HCD, rumo à direção de uma entrega consciente ao processo de individuação, que é o sentido existencial e teleológico de todo ser humano.         Enfatizando que o compromisso ativo, criativo e consciente com o processo de individuação irá promover a vivência sagrada do abraço integral da união e ação com o Todo, capaz de unir dinheiro, saúde e sagrado. Experiência esta que irá possibilitar a percepção de que o que todo ser humano busca essencialmente, desde seu princípio ôntico e imanente, já observava e ainda observa cada um de nós numa contínua e incessante espera transcendente, pois o verdadeiro sagrado é a unidade que está em toda parte e em parte alguma!

* WALDEMAR MAGALDI FILHO (www.waldemarmagaldi.com). Psicólogo, especialista em Psicologia Junguiana, Psicossomática e Homeopatia. Mestre e doutor em Ciências da Religião. Autor do livro: “Dinheiro, Saúde e Sagrado”, coordenador dos cursos de especialização em Psicologia Junguiana, Psicossomática, DAC – Dependências, abusos e compulsões, Arteterapia e Expressões Criativas e Formação Transdisciplinar em Educação e Saúde Espiritual do IJEP em parceria com a FACIS. wmagaldi@gmail.com


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