GESTÃO ORGANIZACIONAL E QUALIDADE DE VIDA

11 de abril de 2018

Para você, os executivos estão começando a planejar suas vidas pessoais ao invés de apenas suas carreiras? Por quê?

Porque muitos profissionais bem remunerados estão percebendo que não basta terem rendimentos significativos se, para isso, perdem a qualidade de vida. O ser Humano necessita atender as demandas do seu corpo físico, dos seus sentimentos, da família, da realização profissional, da inserção social e da espiritualidade. Atualmente, os estudos da psicossomática, comprovam que se apenas uma destas instancias ficar desconsiderada ela provocará sintomas de adoecimento.

O cuidado com a qualidade de vida é muito importante, pois irá contribuir com que esses profissionais deixem de perder a saúde em busca do dinheiro, para depois gastarem todo o dinheiro na tentativa de recuperar a saúde perdida. Nessa dinâmica eles acabam vivendo uma vida como se nunca fossem morrer e morrem sem nunca terem vivido.

Você diria que a pouca “fidelidade” que as empresas têm com seus funcionários influencia os próprios colaboradores a não acharem que seus empregos e cargos serão eternos?

As empresas que tratam seus funcionários apenas como máquinas que devam produzir lucros acabam tendo uma enorme rotatividade de empregados. Com isso, a médio e longo prazo, elas acabam perdendo tanto a lucratividade quanto a qualidade dos seus produtos ou serviços. Então, o colaborador dessas empresas, que possuir um mínimo de auto-estima, inevitavelmente irá procurar empresas que tenham um bom plano de careira, benefícios, treinamento, requisitos básicos para a qualidade de vida dos seus funcionários.

A perspectiva de uma possível demissão é um fator decisivo para fazer com que uma pessoa comece a planejar outros aspectos de sua vida enquanto está trabalhando?

Certamente, não podemos deixar de lembrar que o ideograma chinês para a crise também vale para a oportunidade. A eminência de uma demissão é uma boa oportunidade para se repensar a carreira, os sonhos, a capacidade, a dedicação, os talentos e as vocações. Ou seja, é uma excelente oportunidade para redirecionar e redimensionar a vida.

Fazer um planejamento de todos os aspectos da vida para os próximos anos é realmente necessário? Qual é a importância disso?

As pessoas devem aprender com o passado e planejarem o futuro, mas nunca podem deixar de estar presentes no presente. Ter em mente metas e possibilidades futuras é muito importante para não perder a direção e estar mais capacitado para as mudanças, mas nunca podemos deixar de lidar com a realidade. Aquele que busca muito preparo corre o rico de parar antes e perder a capacidade criativa do momento.

Para se iniciar um planejamento de vida positivo, qual seria o primeiro passo?

Um bom planejamento de vida exige, antes de tudo, o autoconhecimento. Quem não se conhece não sabe se respeitar e, consequentemente, correrá o rico de desrespeitar o próximo e também ser desrespeitado. Com o autoconhecimento a pessoa saberá quais são seus talentos e vocações, o primeiro é composto pelo conjunto de habilidades da pessoa, o segundo é mais subjetivo, pois está diretamente ligado à motivação. Quem consegue conciliar talento com vocação terá muito mais chance de sucesso no mundo corporativo.

A auto-análise tem um papel primordial nesse processo? Qual a importância de conhecer os pontos fortes e fracos para que esse planejamento funcione?

A frase milenar: “homem conheça-te a ti mesmo, e só então poderás conhecer os deuses“, que foi encontrada no frontispício de Delfos, no templo de Apolo, nos dá bem a importância deste autoconhecimento. Porque, quem se conhece deixa de ser impulsivo e imediato, pois aprende a ser reflexivo e mediador, ao abandonar os excessos, os abusos e as compulsões. É por meio do autoconhecimento que poderemos planejar nosso percurso existencial. O reconhecendo dos talentos e das limitações sempre darão condições de aprimoramento e de cuidado para não darmos passos maiores do que as nossas pernas.

As pessoas têm a consciência real de que estão em algum cargo, mas que podem não estar para sempre neles?

Não sei se essa consciência existe, pois inda hoje vemos muito deslumbramento e vaidade no meio corporativo. Porém, esse conhecimento é essencial para evitar as surpresas da demissão e do desemprego prolongado. O mercado está cada vez mais competitivo e exigindo contínuo processo de aprimoramento por parte dos funcionários então, na atualidade, deitar em berço esplêndido não é mais possível.

As empresas, hoje, pregam conceitos de responsabilidade social etc., mas elas realmente enxergam seus colaboradores como “família” ou como números?

Os novos conceitos de gestão empresarial, cada vez mais, estão voltados para as questões humanas, englobando valores éticos e cuidados ambientais. Muitas empresas deixam claro qual é a sua missão e real compromisso social. Ou seja, não é mais possível visar apenas lucro e acúmulo sem fomentar distribuição de renda e menor exclusão social. Com isso, os funcionários números, tratados apenas como peças de uma grande engrenagem produtora de lucros está ficando obsoleto e sendo trocado por gestão participativa e descentralização do poder.

* WALDEMAR MAGALDI FILHO (www.waldemarmagaldi.com). Psicólogo, especialista em Psicologia Junguiana, Psicossomática e Homeopatia. Mestre e doutor em Ciências da Religião. Autor do livro: “Dinheiro, Saúde e Sagrado”, coordenador dos cursos de especialização em Psicologia Junguiana, Psicossomática, DAC – Dependências, abusos e compulsões, Arteterapia e Expressões Criativas e Formação Transdisciplinar em Educação e Saúde Espiritual do IJEP em parceria com a FACIS. wmagaldi@gmail.com


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