FELICIDADE SABOR E SABER

11 de abril de 2018

Vivemos numa sociedade que transformou a essência da felicidade, impondo-a como uma obrigação imposta a qualquer custo, mesmo que contrariando princípios éticos e morais das tradições filosóficas, religiosas ou familiares. É uma pena, mas atualmente o conceito de felicidade, além de desvirtuado, está muito desgastado e controvertido. Para os pobres é algo idealizado e materialista, obviamente devido seus baixos recursos financeiros e sentimentos de exclusão social. Em contrapartida, os mais abastados acabam, também iludidamente, indo para a busca de experiências místicas com estados alterados de consciência e sentimentos regredidos. Porém, ambos associam felicidade com alegria, prazer, riqueza, satisfação e saúde!

São essas as causas que fazem os indivíduos continuarem no consumo do inútil, muitas vezes se endividando, para acumularem o máximo possível de momentos “felizes”. Mas, o que vemos com o passar dos tempos é que essas pessoas perdem a capacidade de saborear a própria vida, que é plena de surpresas, boas ou ruins, alegres ou tristes e prazerosas ou dolorosas. Experiências que devemos saborear conscientemente, para sabermos. Porque o sabor está na base do saber, do conhecimento e da memória. Neste sentido que pais e educadores devem estar atentos e cuidarem para que filhos e alunos desenvolvam a capacidade de saborear a vida, em todas as suas nuances, tempos, temperos, temperaturas, texturas e modos, mesmo quando algumas experiências nos remetem ao ácido, amargo, cáustico, azedo ou doloroso.

Só assim poderemos entender que felicidade é um estado de consciência que, quando atingido, raramente será perdido. Mas, para a conquista da verdadeira felicidade devemos deixar de lado os conceitos consumistas e materialistas impostos pela atual sociedade competitiva, excludente e monetarista e nos entregar para o autoconhecimento. Só assim poderemos reconhecer quais são as nossas demandas instintivas, que nos remetem ao prazer oral, sentimentos de segurança e sexualidade. Quais são as nossas demandas emocionais, que nos remetem ao desejo de pertencimento e de amor, consigo mesmo e com o próximo e, por fim, quais são as nossas demandas transcendentais, que nos remetem as produções e questões criativas, artísticas, estéticas e místicas. Tudo isso porque temos que atender nosso cérebro que possui, no mínimo, esses três sítios com seus respectivos circuitos de gratificação e recompensa. Por isso, para alcançarmos a felicidade devemos estar abertos para todas essas demandas, saboreando as experiências existenciais num contínuo processo de autoconhecimento rumo a sabedoria!

* WALDEMAR MAGALDI FILHO (www.waldemarmagaldi.com). Psicólogo, especialista em Psicologia Junguiana, Psicossomática e Homeopatia. Mestre e doutor em Ciências da Religião. Autor do livro: “Dinheiro, Saúde e Sagrado”, coordenador dos cursos de especialização em Psicologia Junguiana, Psicossomática, DAC – Dependências, abusos e compulsões, Arteterapia e Expressões Criativas e Formação Transdisciplinar em Educação e Saúde Espiritual do IJEP em parceria com a FACIS. wmagaldi@gmail.com


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