REFLEXÕES SOBRE A TIAZINHA

11 de abril de 2018

A teoria psicanalítica de Sigmund Freud, com o “fenômeno”  TIAZINHA, pode ser revitalizada. Freud estaria tendo “orgasmos” com tudo isso. Sua teoria é pan-sexualista, sustentando que toda criança tem, em sua raiz, uma base perversa polimorfa em busca do prazer sexual. Com isso afirma que todos passam pelo desejo do incesto, que é o princípio básico de sua obra, onde ninguém escapa da temática de Édipo. Desta forma, este sucesso da TIAZINHA, pode confirmar tudo isso. Fica claro o fascínio que ela provoca nas crianças, nos adolescentes e nos adultos, que adoram sua beleza acompanhada de atitudes sádicas e perversas de cunho sexual e, por se tratar de uma tia,  de caráter incestuoso. Podemos ainda, na linha psicanalítica, pensar no fetichismo que envolve o personagem TIAZINHA, com seus objetos e roupas íntimas. O fetichismo, para Freud, é uma forma de perversão usada para negar o medo da castração, por isso que os objetos de fetiche sempre fazem alusão a símbolos penianos.

         Fica evidente que, ao analisarmos o “fenômeno” TIAZINHA, a luz da psicanálise, teremos uma riqueza sem fim de explicações com uma fonte viva para todas as fantasias sexuais. Porém, eu prefiro lançar o olhar para outro lado. É muito triste e reducionista acreditarmos que todas estas figuras, geralmente efêmeras, que surgem e mobilizam a sociedade, só estão a serviço  das idéias expostas anteriormente. Como a TIAZINHA,poderíamos citar uma infinidade de mulheres que, de alguma forma, sacrificaram sua privacidade, ficando expostas a todo tipo de observações, inclusive estas, tornando-se, na maioria das vezes, objeto de manobra à serviço do capitalismo, possibilitando o enriquecimento de muitos. São pessoas polêmicas, que recebem toda sorte de críticas e provocam grandes emoções. A meu ver, são mulheres de valor, que assumem as características do mito do herói, tendo como armas a beleza física.

         O herói é aquele que se sacrifica em prol da comunidade. Então, qual o significado do sacrifício dessas mulheres? Parece que, de maneira inconsciente, se insurgem contra a repressão da beleza. A beleza é fonte maior de inspiração e evoca pensamentos sublimes. A beleza é ingênua mas é a base do amor. O mundo contemporâneo baniu a beleza viva, substituindo-a pela beleza estética e morta da tecnologia da imagem, onde tudo é perfeito, sem sombra, sem defeitos, sem vida. Essas heroínas resgatam e chamam nossa atenção para a beleza física, questionando a perfeição da beleza técnica. Quem procura a perfeição mata o belo e deixa de viver a dimensão do amor. Elas evidenciam, cada uma à sua maneira, o belo em seu corpo e , é óbvio, elas não são perfeitas e nem poderiam ser, pois são humanas e não estão tão protegidas, pelo simulacro tecnológico e racionalista, como todos os seus críticos que enaltecem a beleza estática e morta do tecnicismo.

O mundo está em crise de amor. A beleza, mitologicamente, vem antes do amor. O mundo está feio, somos bombardeados por imagens de fome, miséria, guerra, doenças, desequilíbrios ecológicos, etc. Precisamos resgatar o culto ao belo. Se a humanidade buscar o belo a maioria dos desequilíbrios ecológicos, sociais, econômicos, culturais e religiosos deixarão de existir. Para instaurar e manter a beleza é necessário cuidado constante, atenção, carinho, enfim, amor. Desta forma, termino este breve artigo, agradecendo a TIAZINHA e a todas as outras moças que, heroicamente, conscientes ou inconscientes, manipuladas ou não, se expõe ou se expuseram, para lembrar-nos da beleza do humano. Infelizmente, nossas defesas, o racionalismo, a tecnologia da imagem e o capitalismo neo-liberal, que enfeia tudo para vender o belo enlatado e morto, via de regra, destroem ou tentam destruir estas moças. Mas, como a natureza é pródiga e muito mais forte, de alguma forma, elas sobrevivem e nunca deixarão de existir. Até que, um dia, voltemos a cultuar o belo e, consequentemente, o amor. Neste momento, esta modalidade de herói, poderá deixar de existir e as TIAZINHAS poderão se aposentar e, junto com todos, cultuar o belo e exercitar o verdadeiro amor que, apesar de começar no íntimo e no particular, deve estender-se ao coletivo e genérico.

* WALDEMAR MAGALDI FILHO (www.waldemarmagaldi.com). Psicólogo, especialista em Psicologia Junguiana, Psicossomática e Homeopatia. Mestre e doutor em Ciências da Religião. Autor do livro: “Dinheiro, Saúde e Sagrado”, coordenador dos cursos de especialização em Psicologia Junguiana, Psicossomática, DAC – Dependências, abusos e compulsões, Arteterapia e Expressões Criativas e Formação Transdisciplinar em Educação e Saúde Espiritual do IJEP em parceria com a FACIS. wmagaldi@gmail.com


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